Associação Portuguesa de Medicina da Adição

Nota Histórica

A APMA foi formal e juridicamente fundada no ano de 1990 por dois médicos especialistas de Psiquiatria de carreira militar na tutela do Ministério da Defesa Nacional o Dr. J. Margalho Carrilho e o Dr. José Leitão. No entanto, desde 1980, existiu todo um trabalho de fermentação técnico científica a correr na Marinha Portuguesa, e pioneiro academicamente a nível Universitário Mundial, com a fusão de duas áreas de conhecimento, Medicina - Behaviour Medicine e Farmácia – que incluiu rastreios no meio laboral militar naval ,de consumo e abuso ativo ou recente de substâncias psicoativas recreativas, por análises de urina em meio laboratorial de toxicologia forense ( «GC / MS ») e posteriormente de cotinina e álcool em ar expirado.

Na verdade, em 1980 o Professor Doutor Carlos Silveira (recentemente falecido), farmacêutico militar naval, Catedrático da Faculdade de Farmácia da então Universidade Clássica de Lisboa e que foi membro, em 1975, da Comissão Instaladora do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, bem como Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, decide juntamente com um médico militar naval (psiquiatra) doutorado nos E.U.A. em Psicologia e entusiasta da abordagem americana de Behaviour Medicine, Professor Doutor Orlindo Gouveia Pereira (jubilado, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação - Universidade de Lisboa; ISPA - Instituto Superior de Psicologia Aplicada e Comportamento Organizacional da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa) fundarem um E.A.P. (Employee Assistance Program) sustentado na deteção precoce com os referidos rastreios, pioneiros a nível mundial em meio laboral de segurança em profissões de risco elevado (Projeto VENCER).

Em 1985 por causa da necessidade de formação profissional em Behaviour Medicine - Medicina da Adição é enviado por estes dois académicos para estudar em N.A.S. Miramar, junto a San Diego, na U.S.Navy o Dr. J. Margalho Carrilho, de que resulta depois a publicação pioneira pelo mesmo do seu primeiro livro divulgando um modelo Minnesota, incentivado pelo Professor Doutor João Barreto de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina do Porto.

Nesse mesmo ano de 1987 o Dr. J. Margalho Carrilho, devido a um projeto sobre epidemiologia de drogas recreativas, a decorrer na Cruz Vermelha Portuguesa (Ministério Defesa Nacional ), gerido cientificamente pelo Professor Doutor Pereira Miguel, jubilado , Catedrático de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Lisboa ,desloca-se o Dr. J. Margalho Carrilho acompanhado pelo então Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa Dr. Gonzaga Ribeiro e o Presidente dos Alcoólicos Anónimos de Portugal Jorge Lagido, a Filadélfia - E.U.A. para uma reunião técnico-científica da então American Society of Alcoholism and other drug dependencies, atual ASAM - American Society of Addiction Medicine - American Medical Association. É neste encontro que o Dr. J. Margalho Carrilho após expor publicamente o «Projeto VENCER» da Marinha Portuguesa, pelo seu pioneirismo mundial (nos E.U.A. a U.S.Navy só começara rastreios em 1981 e no meio laboral civil em empresas fornecedoras da Administração Pública como a NASA e similares em 1986 ) é de imediato convidado a ser o segundo membro português da futura ASAM.

É em Filadélfia que se começa a sonhar fundar em Portugal algo similar à ASAM - American Society of Addiction Medicine (e à já existente CSAM - Canadian Society of Addiction Medicine). A APMA foi formal e juridicamente fundada em 1990.

A partir de 1991 a APMA estará sempre presente, em Abril, na Conferência federal médico-científica anual da ASAM - American Society of Addiction Medicine a decorrer em diversas cidades dos E.U.A., com direito igual à Canadiana CSAM, isto é a intervenção estrangeira convidada e na reunião da Direção americana, por ser a terceira mais antiga do Mundo. (inicialmente Dr. J. Margalho Carrilho e mais tarde Dr. José Leitão e outros membros da Direção da portuguesa APMA).

Em 1995 a Direção da APMA decide fazer um Congresso no Estoril, Portugal, em parceria com a ASAM convidando para o efeito o Presidente da ASAM, toxicologista clínico, Prof David Smith da Universidade da Califórnia, S. Francisco, o Diretor executivo da ASAM e vários membros da Direção americana e assinatura de protocolo ASAM - APMA, e convida também o Presidente da canadiana CSAM, Prof Nady el-Guebaly, da Faculdade de Medicina de Calgary. É neste congresso num jantar no Estoril que este colega canadiano convence os americanos a avançar para a fundação mundial da ISAM - International Society of Addiction Medicine. A fundação da ISAM - International Society of Addiction Medicine é fundada no Betty Ford Center Palm Springs - California em 1999. O Prof Nady el-Guebaly consegui não só ter representações de cerca de 33 países, mas também comprometer o país anfitrião, os E.U.A., ao mais alto nível Governamental incluindo a antiga primeira dama Betty Ford, (presidente do conselho de administração do Betty Ford Foundation), a Casa Branca, na altura sob a presidência de Bill Clinton, através do seu Diretor do Office of National Control Policy e pelo Departamento de Estado, a USAIDS, da Secretária de Estado Madeleine Albright.

Nessa primeira Direção eleita da ISAM em Palm Springs o Presidente será o canadiano Prof Nady el - Guebaly ,os vice presidentes vindos das delegações de Itália, Israel e E.U.A. e como tesoureiro o Dr. J. Margalho Carrilho Presidente, de saída, da APMA (graças ao apoio da numerosa delegação do Brasil) que se fará substituir um ano depois a seu pedido, pela representante da Argentina.

Em 2006 a ISAM ( International Society of Addiction Medicine) faz o seu Congresso Mundial em Portugal, com o Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina do Porto - Professor Doutor António Pacheco Palha.

Em 2019 a Professora Doutora Cristina Ribeiro e o Professor Doutor Rui Tato Marinho com uma equipa sua iniciarem o trabalho da gloriosa Associação Portuguesa da Medicina de Adição (APMA) de modo de a fazer ressurgir e de manter padrões elevados no âmbito da aprendizagem e ensino da Medicina da Adição, contribuir para a crescente dignificação profissional e promover o aperfeiçoamento científico, técnico, cultural, organizativo, ético e humano nesta área clinica.

UTITA

A Unidade de Tratamento Intensivo de Toxicodependências e Alcoolismo (UTITA) foi criada pela Marinha, no âmbito do Projeto Vencer, com o objetivo de reabilitar os militares que sofrem de problemas relacionados com o consumo de substâncias psicoativas, como alternativa ao seu afastamento do serviço.
O tratamento na UTITA combina os princípios e o programa dos Doze-Passos dos Alcoólicos Anónimos, o Modelo Minnesota, a par de aconselhamento e terapia cognitiva comportamental.
A UTITA foi a instituição pioneira em Portugal a importar este modelo dos E.U.A, vocacionada para intervenção em meio laboral, mais especificamente para o meio militar e forças de segurança, promove a prontidão operacional e maximiza a eficácia dos membros das Forças Armadas num continuum compreensivo de prevenção e cuidados de saúde para as doenças da adição, conseguindo atingir elevadas taxas de recuperação e tendo sido considerado o modelo mais eficaz na adição. O primeiro programa de reabilitação biopsicossocial realizou-se em 1993.
Por força do Despacho MDN nº188/95 de 31 de julho, a UTITA tornou-se um Serviço de Utilização Comum (SUC) das Forças Armadas, estando integrada (Despacho do SEDN n.º 11 3043/00, de 27 de junho), como unidade especializada de tratamento e reabilitação biopsicossocial de alcoolismo e toxicodependências, no Programa para a Prevenção e Combate à Droga e ao Alcoolismo nas Forças Armadas (PPCDAFA). Tem uma área de intervenção na prevenção primária, secundária e terciária no uso nocivo, abuso e dependência de substâncias psicoativas e comportamentos aditivos.
No âmbito dos processos de revisão legislativa atinente à “Defesa 2020” do qual decorre a reforma do sistema de saúde militar (SSM), o DL n.º 84/2014, de 27 de maio veio proceder à criação do Hospital das Forças Armadas (HFAR), ficando a UTITA na sua dependência (art 2º, nº2, alínea d)).