A adição é uma doença complexa, manifestada pelo uso compulsivo de uma substância, apesar do conhecimento das suas consequências nefastas. Nela, estabelece-se um foco intenso no uso de determinadas substâncias até ao ponto desta situação tomar conta da sua vida. A pessoa afetada continua a utilizar a substância mesmo sabendo que isso lhes vai causar problemas, e apesar de muitas vezes ter intenção de o parar. Esta pode ter alterações do pensamento e comportamento, com episódios de craving (desejo) intenso, difíceis de controlar.
Várias podem ser as razões para o consumo:
Para se sentir bem: sentimento de prazer;
Para se sentir melhor: alívio de stress;
Para fazer melhor: melhorar performance;
Curiosidade e pressão pelos pares.
Ao longo do tempo, a pessoa desenvolve tolerância, o que se traduz na necessidade de maior quantidade da substância para sentir o mesmo efeito. Nas formas mais graves, virtualmente todas as atividades do dia-a-dia do indivíduo giram em torno da substância, quer seja na sua obtenção, no seu consumo ou na recuperação.
Manual de Diagnóstico e Estatística dos Distúrbios Mentais, 5ª edição. Arlington, 2013.
A problemática na visão do familiar
A adição pode causar problemas nas diferentes esferas da vida da pessoa – na saúde, no trabalho, na vida social com família e amigos, etc. Estas consequências podem ser explicadas pelos sintomas associados ao abuso de substâncias:
Dificuldade no autocontrolo: necessidade urgente de utilização da substância; desejo e tentativas frustradas de redução e controlo do abuso;
Problemas sociais: falha na conclusão de tarefas no trabalho, na escola ou em casa; redução das atividades sociais ou de lazer;
Efeitos da substância: tolerância (necessidade de doses superiores para obter o mesmo efeito); sintomas de abstinência (diferentes para cada substância).
Existem diferentes formas pelas quais as famílias de pessoas com abuso de substâncias podem ser afetadas: preocupação e stress psicológico com consequentes danos da sua saúde física e mental; dano por violência doméstica; exposição a ameaças e violência relacionadas com dívidas; carga financeira do apoio direto e indireto ao familiar com abuso de substâncias; impacto no trabalho provocado pelo stress e responsabilidade de cuidador; perda de vida social e isolamento.
Os elementos da família podem dar um contributo importante ao familiar com abuso de substâncias, encorajando-o a iniciar um processo de tratamento.